sexta-feira, 17 de junho de 2016

Diários da Euro 2016: Dia 6


            Rússia x Eslováquia

            E seu eu te dissesse que a Eslováquia consegue jogar futebol? Seria um choque, eu sei. Mas o fato é que a equipe mais truculenta da primeira rodada decidiu que ia jogar bola contra a Rússia (mas ai até eu, né?). E jogaram daquele jeito de sempre: descendo a porrada. A Rússia teve mais posse de bola e foi bem melhor na distribuição de passes, além de ter sido a equipe que mais roubou bolas e a que mais finalizou. Avaliando os números você simplesmente não consegue entender como os eslovacos venceram, ainda mais quando você vê que os números de ataque e defesa são sempre melhores do lado russo.
            A explicação é simples: verticalidade e qualidade técnica. O time russo é velho, lento e sofre muito com a falta de habilidade de seus jogadores. Já tinha ido mal contra a Inglaterra e foi desastroso contra os psicopatas mais legais da Eurocopa. Mak e Weiss foram avassaladores pelos cantos do campo e infernizaram os russos com a correria que por vezes parece mais despropositada do que deveria ser. O outro fator é a forma objetiva que a equipe tem. Os passes são poucos, mas geralmente são longos, tentando ganhar na velocidade e na incidência. A ideia é simples: quanto mais rápido você chega na defesa adversária, menos defensores estarão lá. Quem também construiu o resultado foi o sempre eficiente Marek Hamsik, que desta vez teve mais liberdade para flutuar e armar contra o sempre RIDÍCULO 4-2-3-1. Ele foi o segundo jogador que mais manteve a posse de bola no jogo entre meias e atacantes, mostrando que qualquer bom resultado da seleção passará por seus pés. Com o jogo decidido logo no primeiro tempo, coube ao time de Ján Kozak apenas assistir a Rússia trocar seus belos despretensiosos passes na defesa.
            O gol marcado por Glushakov no final foi uma injustiça tendo em vista a incapacidade dos russos de colocarem a bola no pé do ataque. Berezutski, zagueiro alto e travado, foi o melhor armador da equipe no jogo. E isso diz muito.

            O futuro da Rússia

            Não há. A Rússia não tem jogadores no elenco capazes de melhorar a equipe naquilo que é mais importante: velocidade. E sabe quem eles enfrentam na última rodada? País de Gales. O jogo contra a equipe mais rápida do campeonato vai ser a pá de cal da jornada russa na competição e de muitos desses idosos que estão no elenco da equipe.

            O futuro da Eslováquia

            O próximo jogo é contra o time juvenil da Inglaterra e eu já posso prever que algum jogador deles ira perder uma perna. A vitória contra a Rússia deixa a equipe em plenas condições de classificação: se vence passa como primeiro ou segundo, se empata pode passar como melhor terceiro e mantêm a chance mesmo em caso de derrota. O importante é manter o esquema com pontas que possam preocupar os jogadores laterais da Inglaterra e mantê-los longe da área ofensiva. Eu não apostaria contra uma classificação deles na próxima fase.

            Craque do jogo

            Hamsik e Weiss participaram um do gol do outro. Primeiro foi Hamsik que passou para o belo gol de Weiss, depois foi Weiss que assistiu Hamsik. Esta foi a primeira vez que jogadores trocam assistências na Eurocopa desde 2004, quando School e Rooney fizeram o mesmo. Jogaram tão bem que dizer que só um foi o melhor seria injustiça. Hoje o “Craque do jogo” vai para a dupla Eslovaca.


            Curiosidade: Ján Kozak não gosta do Nápoli.

            Romênia x Suíça

            Depois de uma boa exibição na derrota contra a França a Romênia veio cheia de intenção para a segunda partida do grupo. A equipe manteve sua postura defensiva, mas conseguiu ser muito mais agressiva contra a desorganizada equipe suíça. Enquanto a defesa fazia o trabalho sujo, o meio campo conseguia distribuir o jogo forçar ataques pelas laterais. Torje e Sapunaru dobravam em todas as bolas e Chipciu conseguia achar espaços no lado esquerdo. Litchsteiner foi um desastre na marcação do ponta romeno e deixou ele livre para armar e, inclusive, sofre o pênalti que abriu o placar. O primeiro tempo foi bem mais disputado do que os números mostram. Enquanto a Suíça procurou ter a posse para organizar o jogo, a Romênia soube atacar quando tinhas brechas.
            Quando viu que Shaqiri não ia conseguir resolver a sua vida, Vladmir Petkovic decidiu começar a usar um pouco mais o lado esquerdo e a ideia deu resultado. Mehmedi empatou o jogo e as principais ações da equipe passaram a envolver o ponta e o lateral esquerdo. Ricardo Rodríguez foi muito bem ao trabalhar com Mehmedi e a entrada de Embolo no lugar de Seferovic fez a equipe poder usar mais o contra-ataque e a jogar com profundidade. Dos 19 minutos do segundo tempo pra frente a Suíça mostrou o seu melhor futebol desde que a Eurocopa se iniciou. Qualidade nos passes, posse de bola e finalizações nos fazem pensar que o merecedor da vitória no confronto deveria ser o times dos alpes.

            O futuro da Romênia

            Se tivesse vencido o jogo a equipe teria garantido a sua vaga, mas agora terá a obrigação de vencer o jogo contra a Albânia para ter condições de se classificar. É uma pena que uma equipe que joga de maneira tão organizada já caia pelo caminho, mas estas são coisas do jogo. Seria bacana a volta de Stanciu para que eles possam jogar de maneira um pouco mais ofensiva. O sistema defensivo é tão bom que parece se segurar sozinho e a necessidade da vitória exige que eles coloquem um jogador ofensivo a mais.

            O futuro da Suíça

            Nessa Eurocopa, onde o nível de um líder de grupo é quase o mesmo que o de uma equipe eliminada, o empate depois de uma vitória não parece suar tão mal. O problema é que a equipe deixou a desejar de novo. Ainda não consigo entender como o ÓTIMO Embolo não é titular: ele é rápido, forte e bom driblador. Quando caiu nas pontas foi bem, quando jogou centralizado foi bem. Seja no lugar de Mehmedi ou de Seferovic, ele precisa ser titular. Outro que já está com prazo de validade vencido nesta equipe é Shaqiri. Ele foi muito mal de novo e compromete muito a armação da equipe. Tarashaj poderia entrar no seu lugar no jogo contra a França para ver se o desempenho muda. A França é favorita, mas uma vitória suíça não seria nenhum absurdo.

            O Craque do jogo

            Chipciu foi muito incisivo o jogo todo, mas o meu destaque vai para a ótima atuação de Djorou. Ele geralmente é criticado pela torcida, mas fez uma partida de muita segurança contra a Romênia.


            França x Albânia

            A sensação que eu tive depois do jogo foi de tristeza. Um pouco pela vitória injusta da França, outro tanto pela derrota injusta da Albânia. E não, não é a mesma coisa.
            Didier Deschamps já pode ganhar o selo oficial de técnico mais idiota da competição. O treinador tirou Pogba e Griezmann, basicamente os dois melhores jogadores da seleção, e colocou Coman e Martial para atuarem abertos pelas pontas. A estratégia, que já parecia estúpida antes do jogo, foi um absoluto desastre. A França não acertava passes, não conseguia armar e viu o seu jogo ofensivo virar uma loucura de bolas jogadas na área para Giroud. Na defensiva nos primeiros instantes, a Albânia começou a sair e a defesa francesa não conseguiu responder muito bem contra o ímpeto deles. Os minutos finais da primeira etapa fora desoladores: os albaneses pressionavam os donos da casa, cujos torcedores olhavam atônitos esperando alguma jogada organizada que nunca vinha. A Albânia teve muito menos posse de bola nesse período, mas finalizou as mesmas cinco vezes que a adversária, tendo inclusive recebido dois escanteios a mais.
            O segundo tempo veio e Deschamps decidiu admitir que era um idiota. Colocou as duas estrelas em campo e tudo mudou. A França verticalizou muito, teve menos posse de bola e chutou como se não houvesse amanhã. Foi um bombardeio, mas serviu apenas para consagrar a defesa albanesa. Foram DEZESSETE chutes contra apenas três da Albânia e um amontoado de bolas jogadas na área. Buscando um ataque menos previsível, Deschamps tirou Girou e colocou Gignac, o que fez com que sobrasse mais espaço dentro da área. Foi com esse espaço que Griezmann conseguiu marcar o primeiro gol aos 44 minutos do segundo tempo. O espírito inabalável da Albânia desmontou e o segundo gol foi questão de tempo.

            O futuro da França

            Não dá mais para o Giroud ser titular desse time. Ele trava a movimentação dos companheiros de ataque e não consegue dar mais do que dois toques na bola sem fazer alguma besteira. A formação com três atacantes que Deschamps usou no começo é boa, mas, diferente dele, teria colocado Pogba no lugar de Matuidi (que está sendo uma nulidade para a equipe) e Griezmann no lugar de Giroud. Martial e Griezmann poderiam alternar o posicionamento e assim causariam muita confusão entre os defensores adversários, facilitando a armação de Pogba e Payet. É importante que eles garantam a primeira posição do grupo contra a Suiça, pois assim podem pegar uma equipe mais fraca nas oitavas.

            O futuro da Albânia

            Uma partida tão boa da Albânia não poderia ter terminado com uma derrota como esta. A equipe jogou de igual para igual contra a seleção francesa e esteve sempre muito mais próxima do primeiro do que o time de Deschamps. Resta a eles vencer o jogo contra a Romênia e torcer para que a combinação de resultados dos outros grupos coloque-os na próxima fase.

            Craque do jogo

            Três roubadas de bola, três interceptações, cinco clareadas, cinco bloqueios e nenhuma perda de posse. Ajeti, zagueiro albanês, foi um dos responsáveis pelo jogo ter durado 89 minutos.

            Curiosidade: Coman titular já!

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