Rússia x Eslováquia
E seu eu te dissesse que a
Eslováquia consegue jogar futebol? Seria um choque, eu sei. Mas o fato é que a
equipe mais truculenta da primeira rodada decidiu que ia jogar bola contra a
Rússia (mas ai até eu, né?). E jogaram daquele jeito de sempre: descendo a
porrada. A Rússia teve mais posse de bola e foi bem melhor na distribuição de
passes, além de ter sido a equipe que mais roubou bolas e a que mais finalizou.
Avaliando os números você simplesmente não consegue entender como os eslovacos
venceram, ainda mais quando você vê que os números de ataque e defesa são
sempre melhores do lado russo.
A explicação é simples:
verticalidade e qualidade técnica. O time russo é velho, lento e sofre muito
com a falta de habilidade de seus jogadores. Já tinha ido mal contra a
Inglaterra e foi desastroso contra os psicopatas mais legais da Eurocopa. Mak e
Weiss foram avassaladores pelos cantos do campo e infernizaram os russos com a
correria que por vezes parece mais despropositada do que deveria ser. O outro
fator é a forma objetiva que a equipe tem. Os passes são poucos, mas geralmente
são longos, tentando ganhar na velocidade e na incidência. A ideia é simples: quanto mais rápido
você chega na defesa adversária, menos defensores estarão lá. Quem também
construiu o resultado foi o sempre eficiente Marek Hamsik, que desta vez teve
mais liberdade para flutuar e armar contra o sempre RIDÍCULO 4-2-3-1. Ele foi o
segundo jogador que mais manteve a posse de bola no jogo entre meias e
atacantes, mostrando que qualquer bom resultado da seleção passará por seus
pés. Com o jogo decidido logo no primeiro tempo, coube ao time de Ján Kozak apenas
assistir a Rússia trocar seus belos despretensiosos passes na defesa.
O gol marcado por Glushakov no final
foi uma injustiça tendo em vista a incapacidade dos russos de colocarem a bola
no pé do ataque. Berezutski, zagueiro alto e travado, foi o melhor armador da
equipe no jogo. E isso diz muito.
O futuro da Rússia
Não há. A Rússia não tem jogadores
no elenco capazes de melhorar a equipe naquilo que é mais importante:
velocidade. E sabe quem eles enfrentam na última rodada? País de Gales. O jogo
contra a equipe mais rápida do campeonato vai ser a pá de cal da jornada russa
na competição e de muitos desses idosos que estão no elenco da equipe.
O futuro da Eslováquia
O próximo jogo é contra o time
juvenil da Inglaterra e eu já posso prever que algum jogador deles ira perder
uma perna. A vitória contra a Rússia deixa a equipe em plenas condições de classificação: se
vence passa como primeiro ou segundo, se empata pode passar como melhor
terceiro e mantêm a chance mesmo em caso de derrota. O importante é manter o
esquema com pontas que possam preocupar os jogadores laterais da Inglaterra e
mantê-los longe da área ofensiva. Eu não apostaria contra uma classificação
deles na próxima fase.
Craque do jogo
Hamsik e Weiss participaram um do
gol do outro. Primeiro foi Hamsik que passou para o belo gol de Weiss, depois
foi Weiss que assistiu Hamsik. Esta foi a primeira vez que jogadores trocam assistências na Eurocopa desde 2004, quando School e Rooney fizeram o mesmo. Jogaram tão bem que dizer que só um foi o melhor
seria injustiça. Hoje o “Craque do jogo” vai para a dupla Eslovaca.
Curiosidade: Ján Kozak não gosta do Nápoli.
Romênia x Suíça
Depois de uma boa exibição na
derrota contra a França a Romênia veio cheia de intenção para a segunda partida
do grupo. A equipe manteve sua postura defensiva, mas conseguiu ser muito mais
agressiva contra a desorganizada equipe suíça. Enquanto a defesa fazia o
trabalho sujo, o meio campo conseguia distribuir o jogo forçar ataques pelas
laterais. Torje e Sapunaru dobravam em todas as bolas e Chipciu conseguia achar
espaços no lado esquerdo. Litchsteiner foi um desastre na marcação do ponta
romeno e deixou ele livre para armar e, inclusive, sofre o pênalti que abriu o
placar. O primeiro tempo foi bem mais disputado do que os números mostram.
Enquanto a Suíça procurou ter a posse para organizar o jogo, a Romênia soube
atacar quando tinhas brechas.
Quando viu que Shaqiri não ia
conseguir resolver a sua vida, Vladmir Petkovic decidiu começar a usar um pouco
mais o lado esquerdo e a ideia deu resultado. Mehmedi empatou o jogo e as
principais ações da equipe passaram a envolver o ponta e o lateral esquerdo.
Ricardo Rodríguez foi muito bem ao trabalhar com Mehmedi e a entrada de Embolo
no lugar de Seferovic fez a equipe poder usar mais o contra-ataque e a jogar com
profundidade. Dos 19 minutos do segundo tempo pra frente a Suíça mostrou o seu
melhor futebol desde que a Eurocopa se iniciou. Qualidade nos passes, posse de
bola e finalizações nos fazem pensar que o merecedor da vitória no confronto
deveria ser o times dos alpes.
O futuro da Romênia
Se tivesse vencido o jogo a equipe
teria garantido a sua vaga, mas agora terá a obrigação de vencer o jogo contra
a Albânia para ter condições de se classificar. É uma pena que uma equipe que
joga de maneira tão organizada já caia pelo caminho, mas estas são coisas do
jogo. Seria bacana a volta de Stanciu para que eles possam jogar de maneira um
pouco mais ofensiva. O sistema defensivo é tão bom que parece se segurar
sozinho e a necessidade da vitória exige que eles coloquem um jogador ofensivo
a mais.
O futuro da Suíça
Nessa Eurocopa, onde o nível de um
líder de grupo é quase o mesmo que o de uma equipe eliminada, o empate depois de
uma vitória não parece suar tão mal. O problema é que a equipe deixou a desejar
de novo. Ainda não consigo entender como o ÓTIMO Embolo não é titular: ele é
rápido, forte e bom driblador. Quando caiu nas pontas foi bem, quando jogou
centralizado foi bem. Seja no lugar de Mehmedi ou de Seferovic, ele precisa ser
titular. Outro que já está com prazo de validade vencido nesta equipe é
Shaqiri. Ele foi muito mal de novo e compromete muito a armação da equipe.
Tarashaj poderia entrar no seu lugar no jogo contra a França para ver se o
desempenho muda. A França é favorita, mas uma vitória suíça não seria nenhum
absurdo.
O Craque do jogo
Chipciu foi muito incisivo o jogo
todo, mas o meu destaque vai para a ótima atuação de Djorou. Ele geralmente é
criticado pela torcida, mas fez uma partida de muita segurança contra a
Romênia.
França x Albânia
A sensação que eu tive depois do
jogo foi de tristeza. Um pouco pela vitória injusta da França, outro tanto pela
derrota injusta da Albânia. E não, não é a mesma coisa.
Didier Deschamps já pode ganhar o
selo oficial de técnico mais idiota da competição. O treinador tirou Pogba e
Griezmann, basicamente os dois melhores jogadores da seleção, e colocou Coman e
Martial para atuarem abertos pelas pontas. A estratégia, que já parecia
estúpida antes do jogo, foi um absoluto desastre. A França não acertava passes,
não conseguia armar e viu o seu jogo ofensivo virar uma loucura de bolas
jogadas na área para Giroud. Na defensiva nos primeiros instantes, a Albânia
começou a sair e a defesa francesa não conseguiu responder muito bem contra o ímpeto
deles. Os minutos finais da primeira etapa fora desoladores: os albaneses
pressionavam os donos da casa, cujos torcedores olhavam atônitos esperando
alguma jogada organizada que nunca vinha. A Albânia teve muito menos posse de
bola nesse período, mas finalizou as mesmas cinco vezes que a adversária, tendo
inclusive recebido dois escanteios a mais.
O segundo tempo veio e Deschamps
decidiu admitir que era um idiota. Colocou as duas estrelas em campo e tudo
mudou. A França verticalizou muito, teve menos posse de bola e chutou como se
não houvesse amanhã. Foi um bombardeio, mas serviu apenas para consagrar a
defesa albanesa. Foram DEZESSETE chutes contra apenas três da Albânia e um
amontoado de bolas jogadas na área. Buscando um ataque menos previsível,
Deschamps tirou Girou e colocou Gignac, o que fez com que sobrasse mais espaço
dentro da área. Foi com esse espaço que Griezmann conseguiu marcar o primeiro
gol aos 44 minutos do segundo tempo. O espírito inabalável da Albânia desmontou
e o segundo gol foi questão de tempo.
O futuro da França
Não dá mais para o Giroud ser
titular desse time. Ele trava a movimentação dos companheiros de ataque e não
consegue dar mais do que dois toques na bola sem fazer alguma besteira. A
formação com três atacantes que Deschamps usou no começo é boa, mas, diferente dele,
teria colocado Pogba no lugar de Matuidi (que está sendo uma nulidade para a
equipe) e Griezmann no lugar de Giroud. Martial e Griezmann poderiam alternar o
posicionamento e assim causariam muita confusão entre os defensores adversários,
facilitando a armação de Pogba e Payet. É importante que eles garantam a
primeira posição do grupo contra a Suiça, pois assim podem pegar uma equipe
mais fraca nas oitavas.
O futuro da Albânia
Uma partida tão boa da Albânia não
poderia ter terminado com uma derrota como esta. A equipe jogou de igual para
igual contra a seleção francesa e esteve sempre muito mais próxima do primeiro
do que o time de Deschamps. Resta a eles vencer o jogo contra a Romênia e
torcer para que a combinação de resultados dos outros grupos coloque-os na
próxima fase.
Craque do jogo
Três roubadas de bola, três
interceptações, cinco clareadas, cinco bloqueios e nenhuma perda de posse. Ajeti,
zagueiro albanês, foi um dos responsáveis pelo jogo ter durado 89 minutos.
Curiosidade: Coman titular já!
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