quinta-feira, 16 de junho de 2016

Diários da Euro 2016: Dia 5




            Áustria x Hungria

            Esta deve ter sido a pior partida de futebol da história da Eurocopa. Mas foi divertida. O mais chamou atenção no jogo foi a incapacidade das duas equipes em acertar passes. Comparando todas as equipes da competição você verá que a Hungria é a 15ª seleção em aproveitamento de passes e a Áustria é a 17ª, ou seja, um horror. Mas ai vem a pergunta: como pode um jogo tão feio tecnicamente pode ter sido divertido? Simples: cada passe errado gerava um contra-ataque imediato e o jogo acabou ficando muito parelho. O único jogo em que a posse de bola esteve mais dividida que este foi Croácia e Turquia, tendo, inclusive, ocorrido 28 chutes em ambos os jogos. A diferença é que no jogo da Áustria as finalizações também ficaram divididas: 14 finalizações para cada lado.
            A seleção austríaca era considerada uma das possíveis da Euro por causa de seu elenco rodado e com vários jogadores atuando em bons clubes da Europa. Alaba é um dos melhores e mais versáteis jogadores do mundo, Fuchs foi o melhor lateral da liga inglesa na temporada e Arnautovic foi o grande destaque do bom time do Stoke City. O problema é que, com exceção de Alaba, todos os jogadores austríacos foram mal e as jogadas não saiam. Fuchs teve uma aproveitamento de 58% nos posses, valor ridículo para um jogador do seu nível e para um capitão de seleção. O primeiro gol da partida saiu no segundo tempo em uma falha defensiva da Áustria e, para piorar, foi seguida de um cartão para Dragovic, zagueiro da equipe. Desesperado pelo gol de empate, Marcel Koller, técnico da Áustria, decidiu que não colocaria ninguém no lugar. Baumgartlinger desceu uma posição e alaba subiu uma, deixando a equipe sem nenhum volante. Mesmo que tenha tentado mais finalizações entre os dois gols a equipe austríaca não conseguiu assustar o gol de Gabor Kiraly. O gol de Stieber no final, contra uma defesa de um homem só, serve bem como retrato do jogo desastroso da Áustria.

            O futuro da Áustria

            O time que foi a campo é o que a seleção tem de melhor disponível. E eu acredito que foi mais um jogo infeliz do que um padrão de desempenho. É importante que nos próximos jogos Fuchs consiga render como rendeu no Leicester e que Baumgartlinger consiga armar um pouco mais a equipe do que neste jogo. E por fim: SAIAM DO MALDITO 4-2-3-1!!! É feio, é ruim e é chato.

            O futuro da Hungria

            Seleção com um histórico espetacular no pós-guerra, a Hungria passou muito tempo dormindo nas eliminatórias. Raríssimos eram os jogadores que apareciam em times grandes e a seleção não conseguia formar um time forte nem para jogar a Eurocopa. E não é que essa seja forte, mas é fato que desta vez eles tem um time minimamente organizado para enfrentarem potências europeias. Eles sabem contra-atacar e tem no meio campo seu maior trunfo contra qualquer equipe na competição. Podem se classificar e até mesmo chegar às quartas.

            O craque do jogo

            Zoltán Gera é experiente e aproveitou muito bem a oportunidade de jogar a Euro. Chutou, armou e defendeu com excelência. Foi o jogador que mais ficou com a bola na equipe Húngara e o que mais roubou bolas entre os dois times.

Gera tem 37 anos.
            Curiosidade: todo mundo já tá sabendo que a Áustria e a Hungria formavam o império austro-húngaro e, pensando no horror que foi a troca de passes no jogo, isto foi motivo para o melhor gif do jogo. Este é o brasão de armas do império: de um lado Áustria e do outro Hungria.

            Portugal x Islândia

            Cristiano Ronaldo precisa brilhar na Euro para ser eleito o melhor jogador do mundo neste ano. Messi está brilhando Copa América e Ibra, Bale e Kroos estão conduzindo suas seleções para na Eurocopa. O problema é que neste primeiro ele esteve mais preocupado em arrumar confusão com os islandeses do que em jogar futebol. Mexeu-se pouco no ataque, não caiu pelos lados e não conseguiu aproveitar a bola aérea que era imbecilmente lançada pelos portugueses. Foi uma das piores partidas da sua carreira. E isso ocorre logo quando Portugal monta a melhor seleção desde 2004.
            Ainda que o elenco deste ano seja bom, o time fez uma péssima apresentação contra os islandeses. Vieirinha foi responsável direto pelo gol sofrido, além de ter sido um desastre na defesa de Sigurdsson e Bjarnason. Os meias também foram mal: Danilo Pereira é inexistente na proteção, André Gomes fica perdido no posicionamento e Mário acaba apoiando bem menos que o necessário. Moutinho até foi bem, mas também participou pouco do jogo e não conseguiu armar. As melhores jogadas portuguesas saíram pelos cantos, especialmente quando André Gomes e Vieirinha dobravam no lado direito e nos bons cruzamentos do lateral-esquerdo Raphael Guerreiro. Este jogo pelos lados foi causado por causa de um LINDO 4-4-2 da equipe da Islândia. Enquanto todo mundo tenta colocar o famigerado 4-2-3-1 pra funcionar a equipe de Lars Lagerback traz o bom e velho esquema que já foi o mais usado no futebol mundial. Com Gunnarsson e Sigurdsson fechando o meio campo central e Bjarnason e Gudmundsson nas laterais, a chance de criação foi anulada e só restou jogar a bola na área.
            Portugal jogou como Espanha, teve posse, tocou bem a bola, finalizou bem mais e a ainda assim não conseguiu ser tão superior. A concentração e a objetividade da Islândia foi o suficiente para buscar o empate e jogar com postura contra Portugal.

            O futuro de Portugal

            Portugal melhorou muito com as substituições feitas no meio do jogo. Quaresma não pode ser reserva nesta equipe e Renato Sanches é o melhor jogador de todo o meio campo no elenco. Com eles Portugal pode montar um ataque leve, móvel e com muita presença de área. Nani foi melhor centro avante na partida que Cristiano Ronaldo e a pode ser o jogador que sempre prometeu nesta Eurocopa. Com Sanches, André e Moutinho o meio campo tem mais criação e pode alimentar melhor os jogadores da frente. O empate não é o fim do mundo: a esperança caso Fernando Santos mexa no time titular e Cristiano Ronaldo resolva jogar futebol.

            O futuro da Islândia

            A Islândia foi muito bem e parece ser a melhor equipe do grupo, pelo menos taticamente. Lagerback é velho de guerra e sabe como ajustar a sua equipe as adversidades. Buscar o resultado contra Portugal é uma prova de que a Islândia não veio a passeio para esta Eurocopa. Com este esquema e esta aplicação eles podem sim eliminar Hungria e Áustria.

            O craque do jogo

            Das dez finalizações que Cristiano Ronaldo deu, apenas uma foi na direção do gol. Das cinco tentadas por Nani, três foram para o gol. Sem sobra de dúvidas Nani foi o melhor em campo.



            Curiosidade: 24 mil islandeses foram acompanhar a Eurocopa em Paris, valor que representa 8% da população total do país. 8% da população brasileira, por exemplo, representa 16 milhões de pessoas.
           Curiosidade III: Cristiano Ronaldo reclamou da postura da Islândia e foi respondido pelo zagueiro Arnesen: "ele é um mau perdedor"

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