domingo, 12 de junho de 2016

Diários da Euro 2016: Dia 2




            Albânia x Suiça

            O jogo entre Albânia e Suíça foi muito esperado para que pudéssemos ver o primeiro jogo da história da Eurocopa em que irmãos jogariam por países diferentes. A história é boa, mas quem é que realmente se importa com os irmãos Xhaka além da família deles? A transmissão não precisava citar o caso em todas as vezes que eles pegavam na bola.
            Quanto ao jogo, uma partida bem xoxa e bem decepcionante. A Suíça, seleção que mais cresceu nos últimos 10 anos, foi muito mal o jogo inteiro. Haris Seferovic é muito fraco e os dois pontas foram ineficientes. Shaqiri foi muito mal, errou passes e perdeu um número absurdo de bolas (quatro). Mehmedi, o outro atacante, dizem que estava em campo, mas eu não vi. O ótimo zagueiro Fabian Schaar abriu o placar do jogo com uma cabeçada logo no início em uma falha bisonha de Etrit Berisha, goleiro da Albânia. Nos minutos que sucederam, a Suíça seguiu no ataque e Albânia continuou forçando contra-ataques. Foi assim toda a primeira metade jogo, sendo que a expulsão de Lorik Cana, capitão albanês, pouca diferença fez no resultado final do jogo. Na troca de período a Albânia veio pressionando mais, enquanto a Suíça tentava contra-ataques ineficientes e desastrosos. É um absurdo que uma equipe que tenha um jogador com a qualidade de passe do Granit Xhaka aceite jogar sem a posse de bola contra a fraca Albânia. Mesmo com um a mais a Suíça morreu e ficou muito próxima de sofrer o empate. Sadiku e Gashi perderam chances incríveis.

            O futuro da Suíça

            A defesa é, de novo, o ponto forte da equipe. O problema é que toda a evolução ofensiva conseguida com Ottmar Hitzfeld parece ter acabado. Não há movimentação e participação, com muitos jogadores desaparecendo no decorrer do jogo. É fundamental que Shaqiri varie entre o lado direito e esquerdo para que o outro ponta possa jogar, além do que facilita muito para Seferovic finalizar quando o lado do ataque não fica manjado. Além disso, Embolo TEM que ser titular dessa equipe. Ele dá outra dinâmica ao jogo e pode servir para desafogar o ataque travado da seleção. Outra mudança possível é a saída de Dzemaili e a entrada de Frei ou Fernandes na posição para que Xhaka possa ser liberado de qualquer função defensiva.

            O futuro da Albânia

            Eu esperava menos, mas o que foi mostrado hoje ainda é muito pouco para tentar vencer a Romênia. Poderiam ter conseguido um empate caso tivessem jogadores com melhor poder de finalização. Vão perder pra França, certamente, mas parecem ter jogadores individualmente melhores que a Romênia. Só precisam demonstrar algum padrão tático, coisa que o time da terra do drácula já mostrou que tem.

            Craque do jogo

            Hysaj foi muito bem tanto na defesa como no apoio e Fabian Schaar foi fundamental para o desempenho da equipe Suíça. Mas quem mudou mesmo o resultado do jogo foi o ótimo Yann Sommer. O goleiro salvou três bolas que poderiam ter quebrado o jogo da Suíça. Detalhe: Sommer é o substituto de Diego Benaglio, que por sua vez foi substituto de Zuberbuhler. Esse é um país bom para nascerem goleiros



            Curiosidade: quem assistiu ao jogo deve ter percebido que Behrami e Shaqiri foram vaiados sempre que pegavam na bola. Motivo: ambos nasceram na Albânia e escolheram jogar pela Suíça. Mas a parte mais louca disso tudo vem agora: os cinco meias da Suíça são descendentes de Albaneses e possuem nacionalidade. Mais do que isso: dos 23 convocados, 14 são jogadores com descendência e que poderiam jogar em outros países.

           País de Gales x Eslováquia

            Basicamente o melhor jogo do campeonato até aqui. A seleção de Galês joga como o São Paulo de Muricy Ramalho nos seus melhores tempos. O 3-5-2 é um esquema muito divertido, mas exige um absurdo de atenção e correria de todos os jogadores, especialmente dos laterais. A Juve desse ano usou o esquema e tinha Lichtsteiner (que é um tanque de oxigênio em corpo de gente) e Alex Sandro (que é moleque) pelos lados, jogadores que correm muito e conseguem apoiar e cobrir os problemas do esquema. A correria aqui ficou a cargo de Chris Gunter e Neil Taylor, que foram perfeitos na cobertura. Restou então colher os louros da estratégia.
            É fundamental entendermos que a seleção galesa definitivamente não é apenas Gareth Bale. O meio campo formado por jogadores como Joe Allen e Aaron Ramsey tem uma qualidade absurda para alimentar os homens de frente, além do que Jonathan Willians é um desses jogadores que irritam qualquer defensor. A ideia era entrar em campo e tentar controlar o ritmo do jogo, coisa que a equipe conseguiu razoavelmente. Poderia ter tido mais sucesso, mas a Eslováquia entrou para matar. Literalmente. Martin Skrtel deu cotoveladas e carrinhos despropositados que fariam Roy Keane sentir vergonha. Além dele, toda a equipe se comportou como psicopatas recém-libertos da prisão e com uma sede insaciável por violência, mas eles também jogaram um pouco de futebol (não muito, só um pouco). O estilo de jogo mais ordinário não impediu que eles criassem chances: foram 13 finalizações (duas a mais que Gales) e 55% da posse de bola. Os eslovacos só não conseguiram fazer gols porque o encaixe era perfeito. Mak e Weiss foram engolidos pelos alas e Hamsik não rendeu contra Allen. Hamsik, aliás, teve a melhor chance em uma falha defensiva do adversário, mas Ben Davies fez um corte espetacular antes que a bola entrasse.
            Os gols do jogo foram marcados por Gareth Bale, em falha bizarra de Kozacik, Duda, em falha de Ashley Willians, e Robson-Kanu.

Segue o jogo!

            O futuro de Gales

            Ninguém esperava uma vitória da equipe na competição, mas eis que após uma rodada completa Gales é a primeira do seu grupo. Se roubar pontos contra a Inglaterra no próximo jogo a equipe deve se garantir na próxima fase da competição entre os dois primeiros do grupo; e é bem provável que eles consigam o mesmo contra a Rússia. Se tudo der certo, Gales pode terminar a primeira fase em primeiro e sonhar até mesmo com as semifinais da competição. Não são necessários muitos ajustes, mas eu gostaria de ver Andy King no lugar de Edwards.

            O futuro da Eslováquia

            Ou vencem a Rússia ou já podem ir embora. O elenco não tem profundidade, mas eles precisam urgentemente colocar um atacante de verdade. Duris foi insignificante no jogo e pode ser que Sestak consiga ser este cara. O fato mesmo é que esse time é muito mais fraco que aquele que eliminaram a Itália e chegaram as oitavas da Copa do Mundo de 2010. Um jogador como Robert Vittek, vice-artilheiro do mundial daquele ano, seria fundamental para a equipe. Será legal ver como a defesa travada russa enfrenta o ataque lento Eslováquia e como a defesa violenta da Eslováquia marca os jogadores de concreto da Rússia. É... Legal não vai ser, mas vai ser bem divertido!

            Craque do jogo

Não tem muito fugir do óbvio: Gareth Bale, sem dúvidas.



Curiosidade: vocês repararam em como são feios os jogadores da Eslováquia? Em 2010 eles ficaram conhecidos pelas cabeças raspadas, mas dessa vez eles vão ser lembrados como os caras com cara de vilãode filme de terror (ruim) europeu.
Curiosidade II: Joe Ledley tem a melhor barba do mundo!

Inglaterra x Rússia

Eu fiquei meio que em choque quando eu descobri que a Inglaterra tinha se classificado em primeiro lugar nas Eliminatórias com CEM POR CENTO de aproveitamento, tornando-se apenas a quinta seleção da história a conseguir isso. Mais surpreso eu fiquei quando jogo começou e eles foram mostrando um futebol envolvente e equilibrado, pressionando a Rússia e ameaçando uma bela goleada. Será que tudo aquilo que a gente imaginava da Inglaterra estava errado? Será que a juventude poderia mesmo competir contra a pressão? Será que eles seriam os favoritos ao título? Nah, claro que não. Mas antes de zoar os ingleses (o que é tipo bater em um cara que tá bêbado a mais de 50 anos) vamos pensar nas coisas boas que a equipe fez.
Roy Hodgson montou uma equipe no 4-3-3 com muita variação e mobilidade, raras ocasiões de ligação diretas e muitas jogadas pelos cantos. O time russo foi pego desprevenido e simplesmente não viu a cor da bola. A defesa lenta não parava os jovens velocistas ingleses e o gol estava ficando cada vez mais maduro. Madurou tanto que apodreceu. A Rússia se armou na defesa e com muita calma e experiência foi drenando o ímpeto inglês. Numeros: nos 15 minutos inicias, a posse de bola da Inglaterra foi de 79% e foram feitas seis finalizações contra nenhuma do adversário. No período restante do primeiro tempo foram 54% de posse e três finalizações contra uma. Fato é que a defesa russa é MUITO consistente, tendo mostrado isso em alguns jogos já na Copa de 2014. Veio o segundo tempo e ~ parece que o jogo virou não é mesmo? ~.
A Rússia veio pressionando e forçando algumas jogadas pelos cantos e foi a vez da Inglaterra ficar atônita. O problema é que a defesa inglesa é MUITO fraca e os russos começaram a comandar o jogo. O gol estava ficando cada vez mais maduro. Madurou tanto que apodreceu. Usando jogo de contra-ataques a Inglaterra chegou duas vezes perto do gol Wayne Rooney. Números: entre o início do segundo tempo e o gol de Dyer a equipe russa deu quatro chutes contra dois dos ingleses. A cobrança de falta de Dyer parecia ter sido a pá de cal definitiva e a Inglaterra voltou a sufocar, ainda que não tivesse a posse de bola. Os laterais voltaram a descer bem e Hodgson fez alterações para povoar a defesa e assim liberar Harry Kane e Lallana de qualquer função defensiva. O contra-ataque estava tão bom que a Rússia foi morrendo aos poucos e começou a trocar passes que não levariam ninguém a lugar algum. Ainda que quem devesse estar mais perto do gol fosse a Rússia, foi a Inglaterra que ameaçou mais. O gol estava ficando cada vez mais maduro, aí adivinha? Apodreceu. Números: entre o gol de Dyer e o apito final foram três finalizações inglesas contra apenas uma russa. Essa única foi de um zagueiro e decretou o empate no minuto final do jogo.
O que aprendemos crianças? 1º Quem não faz toma; 2º Nunca se empolgue com a Inglaterra; 3º A Inglaterra está lascada.

O futuro da Inglaterra

Harry Kane e Rooney juntos só faria sentido se eles trocassem de posições com o decorrer do jogo. Usar Rooney como segundo volante é uma estupidez enorme. Lallana não pode ser titular. O elenco é bom, mas esse 4-3-3 foi um total desastre no primeiro jogo. Contra Gales eles vão precisar de um meio campo povoado e de um centroavante finalizador. Jamie Vardy precisa começar o jogo como titular.

O futuro da Rússia

Tomara que não haja mortes contra a Eslováquia. Sangue sim, morte não.

Craque do jogo

Kyle Walker mostrou hoje que é um lateral de elite e um dos melhores do mundo, mas não tem como escolher outro jogador que não seja Vasili Berezutski. Além do gol ele simplesmente dominou o ataque inglês e especialmente Harry Kane.



Curiosidade: Alguém ai assistiu o jogo na Band? Foi simplesmente hilário ver o Edmundo tendo dificuldades para falar Akinfeev em um jogo nomes como: Ignashevich, Glushakov, Dzyuba e o surreal Neustädter.
Curiosidade II: Akinfeev é péssimo. Pegou uma bola espetacular de Rooney, ok, mas rebateu bizarramente duas bolas que foram em sua direção (uma inclusive foi para trás e quase entrou) e falhou no lance do gol, afinal podia ter pegado se desse um passo para trás e outro para o lado direito. Digo isso porque foi dele o frango mais genial da copa de 2014:


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