No final da temporada 83/84 europeia uma
notícia abalou o mundo do futebol: Diego Armando Maradona, um dos mais
importantes jogadores do mundo, estava indo para o pequeno, mas tradicional,
Napoli da Itália. Após uma passagem turbulenta pelo Barcelona o garoto
problemático da Argentina chegava numa equipe que pouco prometia para seu
futuro. Era o inicio do final da carreira daquele que fora uma das maiores
promessas do futebol mundial. Ou pelo menos era para ter sido assim. Foi em
Nápoles que Maradona fez o seu nome de fato: foram 259 jogos, 199 gols, dois
Campeonatos Italianos, uma Coppa Italia, e a histórica UEFA Cup de 1989. Foi
artilheiro, melhor jogador do mundo, transformou o Napoli numa potência
nacional e levou o nome da equipe para o mundo todo. Deu-se tão bem na equipe e
na cidade que conseguiu convencer os torcedores locais a torcerem pela seleção
argentina contra a seleção italiana na Copa de 1990. O estilo de vida rebelde
fez dele um par perfeito para um povo se sentia mais nação que cidade. A relação
do Napoli com o meia argentino era tão forte que, após sua saída devido os
problemas com drogas, ambos viveram um período de decadência. Em 2004 Maradona
quase morreu por causa da cocaína e o Napoli chegou a declarar falência. Com os
tratamentos Maradona voltou, o mesmo aconteceu com time, salvo pelo produtor Aurelio
De Laurentiis. Maradona chegou a treinar a Argentina na Copa de 2010, enquanto
o time napolitano voltou para a Champions League após subir todas as divisões
do futebol italiano. Mas ainda faltava muito para retornar as glórias, faltava
um Maradona, uma segunda vinda.
29 anos depois da chegada de
Maradona ao Napoli, outro argentino desembarcava no sul da Itália. Higuaín nunca
foi um “World Class” como Maradona, mas sempre foi considerado um dos mais
prolíficos atacantes do mundo. Vindo do Real Madrid, muitos acreditavam que o
jogador estava entrando em fase de decadência. Na equipe espanhola o atacante alternava
entre o banco e a titularidade, sempre um passo atrás de Benzema. Sua chegada à
Itália não foi uma surpresa como no caso de Maradona, afinal a equipe
Napolitana havia acabado de ganhar muito dinheiro com a venda de Cavani e com
patrocínios novos. O Napoli em que chegou Maradona era um time regional, já o
em que chegava Higuaín tinha dinheiro e, mais importante, era respeitado de
verdade em âmbito europeu.
O nível do campeonato italiano caiu
muito, é claro, mas a subida da equipe na liga nacional é notória. Atualmente
eles ocupam a segunda colocação, com 61 pontos (três menos que a Juventus) e 35
no saldo de gols. A campanha deveria ser o suficiente para que a equipe
liderasse, estando muito a frente daquilo que foi feito nos anos de Maradona (na
campanha de 1987, por exemplo, eles chegaram à 28ª rodada com 55 pontos e vinte
gols de saldo). Higuaín é o grande líder de uma equipe formada por jogadores
leves, jovens e extremamente técnicos. Já fez 26 gols nesta temporada, sendo
artilheiro disparado do campeonato (o dobro do número de gols de Carlos Bacca e
Pablo Dybala, vice-artilheiros). Tem também a melhor média de performance
segundo o WhoScored, estando na frente de jogadores como Pogba, Dybala e
Pjanic. É o jogador que mais finaliza (cinco chutes por jogo), tendo o melhor
aproveitamento entre os dez que mais finalizam e o segundo centroavante que
mais dribla (atrás de Pablo Dybala, que nem é centroavante de fato). Seu desempenho
nessa temporada já superou em muito seus anos anteriores na Liga Espanhola e
Argentina. Hoje Higuaín tem a melhor média de gols da carreira e deve ser
apenas o sétimo jogador da história a passar os trinta gols numa edição da
Serie A. Dependendo das suas performances, pode passar até mesmo os 35 gols de
Gunnar Nordhal, ex-Milan, que sobrevive após mais de 60 anos.
É claro que Higuaín não chega perto
do jogador que Maradona foi e nem mesmo será tão importante para os napolitanos
quanto o meia foi um dia, provavelmente não terá o mesmo tempo de clube e
talvez não veja nenhum título durante seu período na equipe. É difícil lutar
contra a potência que a Juventus se tornou no país e contra as equipes
europeias que dominam a Liga Europa, campeonato onde a equipe tem patinado. Mas
foi Higuaín que trouxe de volta o Napoli, sendo o símbolo da reconstrução do
clube após a falência e o cara que conseguiu reafirmar, por meio do futebol,
que Napoli pode sim ser um gigante. Tortos como só os argentinos podem ser,
Higuaín e Maradona são como um mesmo Messias que transforma o Napoli num
gigante do futebol italiano.
Blog sensacional!
ResponderExcluirTambém acho! O melhor do Brasil! Do Brasil, não! Da Bahia!
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