Ed Woodward: o homem que contratou aquele monte de jogador meia boca do Manchester Utd. |
Matchdays:
Matchday é um termo inglês para os
dias em que ocorre jogo na Premier League. A matéria do Telegraph diz que o
Manchester United fez 108 milhões de libras na temporada 13/14 (a última de
Alex Ferguson) entre ingressos e serviços do estádio. É importante, porém,
entendermos que um matchday na Inglaterra não chega nem perto do que ocorre no
Brasil. Lá, os torcedores tem a ida ao estádio como o grande evento do final de
semana. Se o jogo começa as 16:00, por exemplo, as famílias ou grupos de amigos
chegam algumas horas antes para que possam almoçar e depois disso usam os
serviços do local, especialmente bares e lojas. Os estádios, portanto, são bem
mais que o lugar onde ocorrerá o jogo, mas sim um pequeno shopping para que os
torcedores possam desfrutar (e gastar suas libras) as horas que passarem lá. No
Brasil alguns estádios já usam este sistema de estádio, especialmente os mais
novos. A equipe do Corinthians, por exemplo, acertou em 2014 um contrato de 40
milhões de reais com uma empresa que realizaria os serviços de bar e
restaurante e que também repassaria um montante do lucro à equipe. O acordo não
vingou em virtude da má qualidade dos serviços mostrados, mas serviu para demonstrar
quão lucrativo este tipo de serviço pode ser para uma equipe.
O dinheiro que entra dos jogos é fundamental, ficando
atrás apenas dos direitos televisivos. O Palmeiras, por exemplo, teve uma
receita líquida de 43 milhões de reais somente com bilheteria em 2015.
Stamford Bridge até é bonito, mas só em Bragança Paulista tem aquele lanche top de linguiça. |
Direitos de transmissão e
patrocínios gerais:
Nada dá mais dinheiro para uma
equipe do que os direitos de transmissão. Isso em qualquer esporte coletivo, em
qualquer liga de ponta. Algumas dessas ligas: a Barclays Premier League recebe
um bilhão de libras anualmente das emissoras e a NBA recebe ABSURDOS 2,6
bilhões de dólares. Aqui nós trabalhamos com valores mais humildes, mas ainda assim
bem altos: 1,6 bilhão de reais. Contudo é importante lembrar que estes valores
são divididos de forma desproporcional. Enquanto tanto na Inglaterra como na
NBA a divisão ocorre de maneira a manter o equilíbrio econômico e, portanto,
técnico, no Brasil as equipes de maior torcida e audiência simplesmente levam
boa parte do bolo das transmissões. A diferença é gritante. Corinthians e
Flamengo receberão 170 milhões cada um, enquanto gigantes como Cruzeiro e
Grêmio não receberão mais que 60 milhões. E quanto menos torcida pior: o
América, recém-chegado a série A, terá apenas 20 milhões das cotas. Os valores dos
direitos de transmissão são enormes e fundamentais para as equipes, mas o que
impressiona nesses valores é que eles poderiam ser ainda maiores.
Além dos valores de transmissão há também valores
menores pagos por empresas que querem expor suas marcas nas competições
realizadas pela confederação organizadora. Na Inglaterra a Barclays patrocina a
divisão principal enquanto a Sky Bet patrocina a segunda. Aqui no Brasil isso
acontece no campeonato paulista da Federação Paulista de Futebol, que acaba
sendo chamado de Paulistão Itaipava após a cervejaria fechar um acordo de oito
milhões com a FPF.
Patrocínios particulares e Naming
Rights:
Cada
clube pode assinar seus próprios patrocínios que serão estampados em camisas ou
até mesmo os chamados Naming Rights da equipe. A própria Itaipava tem
demonstrado muito interesse na expansão da sua marca por meio do futebol,
comprando os naming rights de duas arenas de Copa do Mundo: a Arena Fonte Nova
na Bahia e a Arena Pernambuco. Nesta última foram pagos 10 milhões de reais por
exclusividade nos bares e pela mudança de nome do estádio pela duração de 10
anos.
Já
os outros patrocínios buscam estampar a camisa ou as placas publicitárias nas
entrevistas coletivas. Mas, ainda que geralmente sejam altos os valores destes
patrocínios, raras são as equipes que conseguem se virar com apenas um
patrocínio, gerando aquelas camisas horrorosas com logos de marcas em quase
toda a sua extensão. Hoje ninguém paga tanto patrocínio como a Caixa. Em 2013 o
Banco Estatal gastou mais de 100 milhões divididos entre 14 equipes das séries
A, B e C (uma das equipes com contrato, o Vasco recebeu 15 milhões para
estampar a marca na camiseta, maior contrato de uma equipe da Série B).
Por
último nós temos os promissores contratos de material esportivo. Na Europa os
valores já começam a se transformar na principal fonte de renda dos clubes, com
equipes grandes como o Manchester United assinando com a Adidas por singelos
1,3 bilhões de reais por 10 anos. O São Paulo se destacou recentemente aqui no
Brasil pelo contrato com a Under Armour por 135 milhões por 10 anos. É um valor
bem abaixo do surreal pago para o Manchester, mas já é sinal de que a tendência
se espalhará por aqui também.
Produtos
oficiais:
Os
valores de rendimento entre os produtos oficiais não são tão altos e nem mesmo
são divulgados, mas é um retorno garantido para o clube, especialmente quando
há uma fã-base boa. Na vinda de Ronaldo ao Corinthians, por exemplo, o jogador
tinha direito a todos os lucros que a equipe teria com a venda de sua camisa.
Além de camisas, são vendidos DVD’s, chaveiros, bonés e variados tipos de
objetos que dão um bom retorno oficial ao clube. A loja do Corinthians no
Parque São Jorge conseguiu 8,1 milhões em 2012 (ano em que a equipe ganhou
Libertadores e Mundial). São oito milhões gastos em uma loja física, em uma
cidade de um país. O lucro total então pode ser muito maior para o clube, sendo
parte essencial da receita.
Transferências:
Este
é o modo mais conhecido e generalizado sobre como uma equipe pode conseguir
dinheiro. A venda de jogadores pode gerar muito dinheiro para a equipe e é
aquilo que consegue manter certo equilíbrio em favor das equipes menores. Um
atleta da base que tem todo seu passe relacionado ao clube pode render
financeiramente um absurdo para a equipe, ou mesmo quando o clube tem só parte
dos direitos pode fazer muito dinheiro. O Corinthians, durante seu desmanche,
já conseguiu 71 milhões de reais que ajudarão o clube a desafogar a dívida com
bancos. Só que mais importante que isso: Jádson, Ralf e Vágner Love vieram de
graça para a equipe, enquanto Gil e Renato Augusto vieram por um preço muito
menor do que aquele que foram vendidos. De vez em quando comprar pode ser tão
lucrativo quanto vender, como acontece no caso de Felipe Anderson. O jogador
que custou sete milhões de Euros para a Lazio agora tem valor de mercado em 20
milhões, mas interessa a equipes milionárias que podem pagar muito mais que
isso pelo jogador.
"Eterna promessa" eles disseram. |
Sócio
Torcedor:
O
programa de sócio torcedor é a moda da vez nos clubes brasileiros. A ideia veio
da Europa e foi implantada com muito sucesso pelo Internacional aqui no Brasil.
Após verem o sucesso do programa colorado, várias equipes começaram seus
próprios programas de fidelização de torcedores. O resultado é que hoje o
Brasil tem três times no top 10 mundial de sócios: Internacional, Palmeiras e
Corinthians. Neste último ano o Avanti deu ao Palmeiras um lucro de 36 milhões
de reais. E a tendência é aumentar no futuro.
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