domingo, 27 de março de 2016
O jogador mais importante da história
A
história tática do futebol é muito complexa, são muitas variações, reformas,
contrarreformas, sucessos e fracassos. Qualquer tentativa de sintetizar isso
estará fadada ao fracasso, mas podemos tentar: Rompimento com o Rugby e criação
da Football Association, Pirâmide, WM e o Metodo,
Wunderteam e Verrou, a Guerra, Mágicos Magiares, Catenaccio, Futebol Total,
Jogo Italiano e 4-4-2, Futebol Científico e o Tiki Taka. Todas as escolas
futebolísticas têm seus mestres, pupilos e líderes, fazendo que todas acabem se
relacionando entre si e criando toda uma lógica no processo do desenho tático,
criando líderes e influências em métodos diferentes. Lobanovskyi é fundamental
para a existência do 4-2-3-1 atual, assim como Vittorio Pozzo foi essencial
para a Grande Inter de Helenio Herrera. Ser um personagem do futebol que
consegue ser lembrado em várias épocas é sinal de que você foi além do papel do
craque, que você ajudou a construir o esporte e que o jogo não seria o mesmo
sem você. Lobanovskyi, Michels, Ancelotti, Sacchi, Pozzo e vários outros quase
chegaram ao topo do futebol mundial, só não chegaram lá porque o posto sempre
foi de Johan Cruyff.
quinta-feira, 24 de março de 2016
Quando bater quer dizer
O futebol e o esporte em geral
(especialmente os coletivos) sempre foram formadores de micro sociedades no
meio em que acontecem. Os jogadores perdem seus valores como pessoas normais e
passam a representar papéis necessários enquanto atletas. Há sempre uma ideia
de respeitos pelos mais velhos (jogadores experientes, rodados), tolerância com
os mais novos e regras comportamentais que, quando quebradas, são julgadas por
uma entidade específica. No campo não está apenas acontecendo uma partida de
futebol, mas sim todo o desenvolvimento dessa micro sociedade. Em outras
palavras, o jogo é uma fotografia de noventa minutos onde podemos ver as
interações, as normas de fato, as normas sociais e os efeitos nos indivíduos
que ali estão. No meio de tudo isso os atletas testam sua liberdade e tentam subir
nessa sociedade. Alguns preferem a paciência, jogar com calma e errar o mínimo
possível. Outros preferem acelerar, correr e obrigar os outros indivíduos a
olhar para você com mais atenção. Mas há ainda outro grupo, geralmente composto
por volantes e defensores, os jogadores que tentam obter poder pela intimidação
e pela violência. É sobre eles que falaremos hoje.
quarta-feira, 9 de março de 2016
A Segunda Vinda
No final da temporada 83/84 europeia uma
notícia abalou o mundo do futebol: Diego Armando Maradona, um dos mais
importantes jogadores do mundo, estava indo para o pequeno, mas tradicional,
Napoli da Itália. Após uma passagem turbulenta pelo Barcelona o garoto
problemático da Argentina chegava numa equipe que pouco prometia para seu
futuro. Era o inicio do final da carreira daquele que fora uma das maiores
promessas do futebol mundial. Ou pelo menos era para ter sido assim. Foi em
Nápoles que Maradona fez o seu nome de fato: foram 259 jogos, 199 gols, dois
Campeonatos Italianos, uma Coppa Italia, e a histórica UEFA Cup de 1989. Foi
artilheiro, melhor jogador do mundo, transformou o Napoli numa potência
nacional e levou o nome da equipe para o mundo todo. Deu-se tão bem na equipe e
na cidade que conseguiu convencer os torcedores locais a torcerem pela seleção
argentina contra a seleção italiana na Copa de 1990. O estilo de vida rebelde
fez dele um par perfeito para um povo se sentia mais nação que cidade. A relação
do Napoli com o meia argentino era tão forte que, após sua saída devido os
problemas com drogas, ambos viveram um período de decadência. Em 2004 Maradona
quase morreu por causa da cocaína e o Napoli chegou a declarar falência. Com os
tratamentos Maradona voltou, o mesmo aconteceu com time, salvo pelo produtor Aurelio
De Laurentiis. Maradona chegou a treinar a Argentina na Copa de 2010, enquanto
o time napolitano voltou para a Champions League após subir todas as divisões
do futebol italiano. Mas ainda faltava muito para retornar as glórias, faltava
um Maradona, uma segunda vinda.
terça-feira, 1 de março de 2016
China, Darín e ganância
Quando a China chegou com os seus
milhões para contratar os jogadores brasileiros floresceram na internet e nas
conversas ordinárias várias discussões sobre quão válido é para uma pessoa
abandonar reconhecimento, condição de vida e carreira para ganhar muito mais
dinheiro. Uma comparação que geralmente é feita é a seguinte: Você trabalha
numa empresa muito boa, é um dos melhores funcionários e vive cercado por competentes
companheiros de serviço. Vive numa cidade boa, recebendo um salário que não te
traz preocupação nenhuma e te deixa livre para fazer algumas extravagâncias.
Mais importante que isso é o fato de você gostar de trabalhar lá, de se sentir
útil e completo estando lá. Tudo certo, até que um dia chega uma nova proposta.
A nova empresa cresceu recentemente, não é grande na área e pretende fazer de
você o símbolo dela. Você iria do status de “bom funcionário” para “mais
importante funcionário” da empresa, mas não porque melhorou seu nível de
serviços prestados e sim porque o nível de seus companheiros simplesmente
despencou. Além disso, você está em uma empresa que é muito visada, podendo no
futuro aparecer uma oferta boa de uma empresa maior do que aquela que você está
e MUITO maior do que aquela que você pode ir. Ou seja, você pode sair de um
mercado real e visível e ir para um mercado em potencial, que pode se tornar
real só depois que você sair de lá. Se você sair, adeus sucesso e
reconhecimento, olá ostracismo. Mas, claro, tudo isso em troca de muito, MUITO
dinheiro. Dinheiro suficiente para garantir o seu futuro, o futuro dos seus
filhos e de seus netos e bisnetos. Dinheiro que você nunca verá se ficar onde
está. Acredito que absoluta maioria das pessoas, colocadas nessa situação,
diria sim. Ao menos é isto que vemos ser dito por aí. Mas será que esta é
realmente a melhor opção?
Assinar:
Postagens (Atom)